Wednesday, June 12, 2024

Conflito entre Israel e Irã deixa Biden em corda-bamba política nos EUA

Cidadãos americanos cobram posicionamento do presidente


Helena Chaves,
Marina Lopes e
Rafaella Lobão.
Fonte: bbc.com
Em 19/04/2024 


Presidente dos EUA e primeiro-ministro de Israel
Imagem: gettyimages.com

O ataque do Irã a Israel no fim de semana e a mais recente resposta do governo de Benjamin Netanyahu a Teerã conduziu ao cenário que Joe Biden mais temia: uma escalada do conflito na região.
A corda-bamba em que o presidente dos Estados Unidos caminha na guerra entre Israel e Gaza tornou-se ainda mais ténue. Biden está tentando acalmar a situação e dissuadir o Irã, ao mesmo tempo que enfrenta pressão interna sobre a relação do seu país com Israel.
Entretanto, qualquer acordo de cessar-fogo em Gaza está por um fio. Há apenas duas semanas, parecia que a relação entre os Estados Unidos e Israel estava em apuros. Biden não só expressou a sua frustração, mas também o seu aborrecimento pela falta de ajuda humanitária em Gaza e pela morte de sete voluntários em um ataque das Forças de Defesa de Israel. O nível de desacordo foi tal que o governo dos EUA deixou claro que poderia reconsiderar a sua posição em relação a Israel, chegando mesmo ao ponto de suspender as exportações de armas.
Mas as ações do Irã durante o fim de semana e o ataque israelense parecem ter mudado o cenário. Pela primeira vez, desde a Revolução Islâmica de 1979, que o Irã lançou um ataque direto contra Israel. O lançamento de mais de 300 mísseis e drones disparados contra Israel levou a uma ação militar conjunta EUA-Israel muito bem-sucedida para defender o território israelense.
A ação coordenada parece ter reacendido alguma chama da antiga cordialidade. O desafio que Biden enfrenta agora é um paradoxo desconfortável. O presidente tem de baixar a temperatura com o Irã e, ao mesmo tempo, fazer com que Teerã entenda que as suas ações têm um custo.
Com isso, a Casa Branca deixou claro que não se juntaria a qualquer retaliação militar israelense contra o Irã, ao mesmo tempo que afirmava que o seu compromisso com a segurança de Israel permanecia “firme”. O envolvimento direto do Irã na atual guerra também torna mais difícil um acordo de cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns detidos pelo Hamas. 
Diplomatas americanos têm trabalhado sem parar para conseguir que Israel concorde com uma pausa de seis semanas nos combates que permitiria a libertação tanto dos reféns de Gaza como dos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. O acordo também facilitaria a chegada da tão necessária ajuda a Gaza, onde a fome é iminente.
Antes do fim de semana, eles contavam com o apoio de Israel e a pressão recaía sobre o Hamas. Tudo isso está agora em perigo enquanto o mundo espera quais serão os próximos passos do Irã e de Israel. Após as primeiras informações sobre o ataque israelense serem divulgadas, a imprensa estatal iraniana divulgou imagens do Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan e afirmou que não foram identificados danos.
O Exército israelense e o Pentágono não se pronunciaram publicamente sobre o ocorrido ainda. Entretanto, as complicações internas para o presidente americano continuam presentes. Parte da esquerda vem pressionando para que Biden se distancie de Israel, enquanto a direita o acusa de fraqueza por não ter confrontado o Irã com firmeza suficiente.
“Compreendo isso num ano eleitoral. Queremos conter as coisas. É perfeitamente compreensível”, diz Ross, que desempenhou um papel fundamental no processo de paz no Oriente Médio durante as administrações de George Bush e Bill Clinton. “Mas, da mesma forma, temos um Irã que deu um passo que não tinha dado antes. E ao dar esse passo está mostrando a sua vontade de ultrapassar certos limites e quanto mais eles ultrapassam certos limites, mais habituados se tornam em fazer isso e, como resultado, a região se torna muito mais perigosa.”
A situação, é claro, está repleta de potencial para mal-entendidos e erros de cálculo. Um passo errado poderia desencadear uma reação em cadeia que poderia rapidamente sair do controle. A região é um notório barril de pólvora e pode explodir ainda mais a qualquer momento.

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